Minidoc #3 A Sociedade e as facções em The Last Of Us (Versão em Texto)

Quando perdemos os pilares que constituem o tecido social, a vida tal qual a conhecemos, o que nos resta? Insistir em organizações que já não funcionam mais? Criar novas formas de sobreviver sozinho? Juntar-se a grupos e aceitar todos seus costumes, abrindo mão de sua própria consciência individual? Como resistir à opressora anomia social de um mundo onde a morte domina os vivos?

Em nosso terceiro minidoc, iremos visitar as principais facções de The Last of Us Parte I e Left Behind, mostrando como a organização social daquele mundo mudou tão bruscamente após o surto do cordyceps. Veremos o que constitui uma sociedade, e quais os custos de aceitar participar de uma. Esse é um conteúdo de duas partes, com a segunda falando das facções da Parte 2 do jogo.

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Esse texto contém spoilers de algumas cenas dos games The Last of Us 1 e 2, mostrando o que houve com a Fedra e Vagalumes ao longo de 25 anos. E alerta de gatilho para violência, morte e execuções.


Sociedades e organizações

Você deve estar lendo este texto do seu celular ou computador, e chutaria que provavelmente não sabe montar um computador ou um celular do zero. E não quero dizer comprar as peças e juntar, digo fabricar cada pedacinho de placa mãe, cada tecla e fio do seu mouse e teclado, ventoinhas do processador. E relaxa que é assim mesmo – eu também não faço ideia! Isso acontece porque o tipo de sociedade que vivemos usa um tipo de divisão de trabalho onde exercemos funções bem pequenas dentro duma cadeia de produção, e consumimos os produtos finais, numa espécie de organismo complexo. Mas e se o mundo acabar e agora todo mundo precisasse construir tudo desde o começo? O famoso “voltar à idade da pedra”?

Já viram que o aulão de hoje é sociologia, né! Pra gente entender de que forma os Vagalumes e FEDRA foram montados e seus costumes, tudo vai começar com o próprio conceito do que é uma sociedade e como ela se forma. Um dos pais da sociologia, Emile Durkheim, explica em sua obra Fato Social que toda pessoa tem uma consciência individual. O que eu gosto de comer, que forma me visto, a música que ouço, essas coisas. Mas quando nos juntamos em muitos numa sociedade, criamos uma consciência coletiva que é percebida através do que Durkheim chama de “Fatos Sociais”. Hoje vamos encontrar vários deles dentro das facções de The Last of Us.

“É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou, ainda, que é geral ao conjunto de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui existência própria independente das manifestações individuais”.

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Ou seja, a gente tem meios de agir que são perpetuados porque estamos numa sociedade, e caso eu queira quebrar essas regras, vou ser coagido ou até punido até estar “adequado”. Mesmo que eu queira viver em outro tipo de sociedade, se eu roubar alguma coisa de uma loja, não importa a minha manifestação individual, vou ser presa porque a sociedade demanda, e eu vivo nela querendo meu individualismo ou não.

Nossas normas, leis, moda, arquitetura, idioma, moralidade, religião e papéis sociais são todos fatos sociais. E eles são nada menos que uma expressão da consciência coletiva de uma sociedade – ou facção, no caso de The Last of Us.

Fatos sociais têm três características, e vamos usar a FEDRA de exemplo:

Geral: Todos os grupos da sociedade estão submetidos a esse fato social. Uma criança que nasce numa zona da Fedra, como Ellie e Riley, já estão sendo ensinadas a respeitar as leis daquela sociedade, independentes da idade.

Exterior: A existência do fato social não depende de um indivíduo, porque ele existe antes e depois do indivíduo. A FEDRA já existia antes da Ellie e Riley, e continuou existindo mesmo depois da morte de Riley e tantas outras pessoas. A existência individual delas não muda nada no fato social da FEDRA.

Coercitivo: Todo fato social é imposto ao indivíduo a ponto de puni-lo caso ele se recuse a seguir aquilo demandado. Qualquer suspeita de roubo ou infecção, é gatilho apertado pela FEDRA, independente da vontade de um indivíduo que sofre as punições.

E só sentimos o peso de um fato social quando resistimos a ele, mesmo sem intenção. Quando se comete um crime, não fala a língua de um local, não segue algum tipo de moralidade, sentimos a coerção. E como socialização é participar, ao internalizar fatos sociais, diminuímos nossa consciência individual e às vezes aceitamos barbáries porque elas são moralmente aceitas na socialização de certo lugar – como vemos em práticas dos Cascavéis, Vagalumes, Serafitas, WLF e FEDRA. Pouco a pouco vamos normalizando tudo, porque é socialmente aceito.

Na história do mundo, tivemos uma grande mudança de tipos organizacionais de sociedade quando houve a revolução industrial no século XVIII. Em The Last of Us houve uma segunda mudança, retornando a hábitos pré-sociedade orgânica.


Solidariedade mecânica

Antes da revolução industrial, Durkheim chama o que tínhamos de Solidariedade mecânica. A gente tinha um controle completo do processo de produção, onde por exemplo um produtor de pães faria desde a colheita do trigo, até a massa, assando o produto e vendendo-o pronto. Cada pessoa é como uma engrenagem de um relógio, fazendo o mecanismo funcionar, mas ainda uma parte grande. A consciência coletiva das sociedades primitivas tinha divisões de tarefas consideradas “naturais” entre homens e mulheres (que nem usam os Serafitas em The Last of Us Parte II). Depois, com a revolução industrial, muda tudo!


Solidariedade orgânica

Após a revolução industrial, houve uma complexificação de sociedades modernas pela divisão social do trabalho. Cada um é uma parte muito pequena, exercendo funções dentro de uma cadeia de produção. O trabalho envolvia por exemplo apenas a colheita do trigo, ou a fabricação da massa, ou as fornalhas que assam o pão. O trabalhador precisava consumir até o produto em que ele próprio trabalhava fabricando.

Com a pandemia do Cordyceps Brain Infection, o mundo regressa da solidariedade orgânica à mecânica e tudo volta à sua forma mais rústica, primitiva, básica. As atividades humanas típicas de uma sociedade complexa (aquela orgânica), como as artes e o entretenimento cedem espaço às funções biológicas mais básicas, como a alimentação e defesa de território. Aliás, a FEDRA até tentou resguardar o papel que um Estado teria numa sociedade moderna, mas ficou reclusa a apenas algumas fortificações que foram pouco a pouco caindo por rebeldes, Vagalumes, WLF e grupos sociais em diversas cidades. E já vamos chegar em como a FEDRA subiu ao poder.

Quando ocorre uma mudança muito brusca na sociedade, uma passagem que gera crise, fazendo com que o indivíduo perca o referencial do que tinha como natural e rotineiro, como definitivamente foi o caso em The Last of Us, também temos uma outra manifestação: o Estado de anomia.

Imagine o seguinte: Você trabalhou uma vida inteira, alugou um lugar legal, tem uma família, alguma estabilidade de saber que pode voltar para casa e comprar um agradinho pra você no mercadinho do lado de casa que só fecha as 22h. Pode comer aquela pizza boa na sexta-feira, tem uma viagem planejada no Carnaval para ver os amigos no outro Estado e pegar uma praia. Liga todas as noites pros seus pais pra avisar que tá tudo bem, e dorme numa cama quentinha com seu cachorro, gato e namorado ou namorada. Aí de um dia para o outro, acontece uma catástrofe mundial. Sua casa não é mais sua, porque não existe um órgão que vá te proteger de alguém a invadindo, ou te proteger contra quem possa lhe ferir. A festinha de aniversário da sua filha mês que vem já vai ser uma data esquecida, porque você nem consegue mais contar com o calendário.

Não existem mais lojas, e o dinheiro que você tanto suou para guardar no banco e comprar aquela TV de LED para seus pais já era, pois que o banco também não é mais um órgão funcional e imediatamente bloqueia todos os fundos – nem mesmo as notas de dinheiro em si têm valor. O emprego que você estava tão animado por uma promoção de cargo, também não existe – e aliás, não existem mais trabalhos formais, então todos os anos que você estudou e diplomas acumulados são inúteis. Você não pode cruzar o país para se juntar ao restante da sua família porque todos os vôos cancelaram e as as rodovias estão interditadas, e há perigo a cada esquina, botando sua vida em risco. E o pior, não há absolutamente ninguém que você possa recorrer. Não existem ambulâncias, médicos, polícia, leis.

Isso é uma quebra que gera uma doença social chamada Anomia. Em linhas gerais, isso acontece quando uma sociedade e seus indivíduos perdem o seu Norte, aquilo que dava direção às suas vidas. E perdem de uma maneira abrupta, súbita e muitas vezes violenta. Seus objetivos pessoais, tudo que você dava valor e almejava, agora não valem mais para nada. O que importa agora é a sobrevivência.

Quando algo assim acontece, pode ocorrer uma transição da sociedade orgânica (complexa) para uma sociedade mecânica (simples). E nesses casos, sempre haverão grupos tentando reorganizar a sociedade utilizando a força. E por onde eles começaram?


FEDRA

Conhecida como Federal disaster response agency ou Agência federal de resposta a desastres, é uma agência do governo dos Estados Unidos em The Last of Us que possui ramificações nacionais e seus departamentos incluem a força militar e a agência de contenção a doenças. Apesar de fictícia, a FEDRA se baseia na FEMA, a Federal Emergency Management Agency ou Agência Federal de Gestão de Emergências.

O propósito principal dessa agência real dos Estados Unidos é ajudar pessoas antes, durante e depois de desastres que ocorrem no país e que superam os recursos das autoridades locais e estatais. O governador do estado onde tal desastre ocorre precisa declarar estado de emergência e requerer formalmente ao presidente que a FEMA e o governo federal ajam no local. FEMA foi muito usada quando ocorrem situações como furacões na Flórida.

Com o surto da infecção cerebral do cordyceps espalhando nacionalmente em 26/09/2013, devastando os Estados Unidos (e o mundo) pouco a pouco, foi declarada lei marcial e estádio de sítio, que possibilitou a posse de todo poder pela FEDRA, se tornando a organização governamental restante no país. Tommy já menciona que os militares estavam fechando rodovias no próprio dia do surto, o que mostra que já sabiam de alguma coisa e já se mobilizaram de forma organizada.

A FEDRA conquistou poder por conta de um golpe de estado. Quando assistimos a introdução de The Last of Us parte I, é mencionado por uma voz que “sem os burocratas no poder, podemos finalmente adotar as medidas necessárias para proteger nossos cidadãos”, o que pode significar que o estado de sítio tornou possível o golpe militar (e nem precisaram ficar meses acampados em quartéis!).

Não sabemos exatamente quais grupos internos que comandam a FEDRA, ou até se o presidente está envolvido, mas sabemos que é uma organização ditatorial, confirmado pelo fato dos Vagalumes exigirem o retorno de todas as alas do governo, implicando no poder por completo da FEDRA sem possibilidade democrática.

Especulamos que há algum poder central de comunicação, e algumas figuras de poder também incluem militares como o procurador geral de justiça Arthur Munroe, mencionado e um recorte de jornal que afirma que 60% da população do mundo está morta ou infectada, e Munroe confirma que não irão mais procurar por sobreviventes.

Para tentar conter o cordyceps, foram construídas zonas de quarentena em várias cidades. A população foi realocada e exigem que seus habitantes não saiam do perímetro, e são inicialmente coordenadas por generais militares. Com os anos de pandemia e tantas adversidades, vemos uma maior autonomia a cada zona restante – muitas já foram tomadas por Vagalumes, facções rebeldes de caçadores como Pittsburgh ou até mesmo pela WLF em Seattle.
Essas zonas possuem regras estritas, e há alistamento para muitos adultos, além de trabalho aparentemente obrigatório conforme as aptidões de cada um. Vemos um ensino militar para crianças como Ellie e Riley, distribuição limitada de alimentação e mantimentos. Também possuem uma rotina de controle de doenças, para garantir que nenhum infectado entre no perímetro.

Mesmo a solidariedade mecânica sendo a atual no jogo, sabemos que a FEDRA é o único órgão que ainda possui acesso a produções industriais de materiais complexos como baterias de carro, conforme o comentário de Bill à Ellie. Não é mostrado onde, como e por quem é feita essa produção, mas dá a entender que ainda existe algum tipo de fabricação do tipo.

Algumas das zonas de quarentena mais conhecidas são Boston, onde iniciamos o jogo e local onde Ellie, Riley, Tess e Joel habitavam; Seattle, com postos enormes que foram tomados pela WLF; Pittsburgh, que foi tomada pelos Vagalumes e, em seguida, por caçadores. Há também a menção de Denver, zona onde o jovem Tommy Muller, junto de Eugene, quando vagalumes, tomaram com sucesso da FEDRA. Conseguindo essa zona, foi possível transformá-la numa base dos vagalumes utilizando o hospital Saint Mary em Salt Lake City – aquele que vemos ao final de The Last of Us Part I, onde Jerry iria performar a cirurgia em Ellie e Joel não gostou da ideia.

Não sabemos se a FEDRA possui um ideal, ou mesmo uma missão complexa para o que pode vir no futuro. Depois que tomaram o poder, é como se estivessem apenas com o objetivo de manter as áreas que já possuem, pois aparentemente desistiram de buscar uma cura ou tratamento, e seguem no modo sobrevivência a qualquer custo para manter as poucas zonas de quarentenas que ainda estão em seu poder.


FIREFLIES (VAGALUMES)

Quando ocorre a tomada da FEDRA no início do surto do cordyceps e é instaurada uma ditadura, muitos da população se negam a viver sob um regime autoritário. Há diversas rebeliões, que ocasionam a morte de civis e militares, e alguns grupos de manifestantes organizam-se sob o comando de Marlene para formar os Vagalumes.

São a principal facção contrária à FEDRA vista em The Last of Us parte 1 e são encontrados por todo país. Possuem uma logo e um lema que diz “quando estiver perdido na escuridão, procure a luz”, e seu objetivo inicial é muito claro: restaurar o país do jeito que era antes, com o retorno da democracia e de todos os ramos do governo. Conforme o tempo passa e é visto que seu objetivo é muito improvável, também descobrimos um interesse forte em buscar uma cura ou vacina para a infecção do cordyceps.

Apesar de na teoria seus ideais serem nobres, também utilizam de violência, táticas de guerrilha, tortura e ataques terroristas. Definitivamente não são um grupo pacífico. Suas cores principais de vestimentas são verde e amarelo (mas não é pra copa!) e seus membros possuem pingentes, ou dogtags, com o nome do soldado – prática, ironicamente, comum a forças militares.

Além do combate contra a FEDRA, também caem no braço com caçadores – que, aliás, nada mais são que pequenos grupos que formam sociedades menores e precisam caçar recursos. Quando entramos em Pittsburgh, descobrimos que a cidade, que inicialmente era uma base militar, foi tomada pelos Vagalumes após muito conflito. Uma carta enviada pelo Capitão Mastros ao Coronel Mackenzie, seu supervisor em Atlanta, mostra que a FEDRA tentou resistir aos ataques na região por 14 meses, mas os rebeldes da cidade, junto dos Vagalumes, conseguiram contê-los e expulsá-los, resultando no grupo rebelde ateando fogo ao Capitão Mastros e seu batalhão, conforme uma segunda carta.

Os rebeldes da região entram em conflito com os próprios vagalumes que os ajudaram a tomar a cidade, afirmando que fizeram a maior parte do trabalho, o que resulta em um combate interno e diversas execuções de Vagalumes, que acabam deixando a região.

E sabia que a Ellie e Riley ajudaram os Vagalumes? O quadrinho American Dreams, lançado em outubro de 2013, mostra os acontecimentos logo antes da DLC Left Behind. A dupla de adolescentes usou uma bomba de fumaça para dispersar militares, dando tempo dos soldados Vagalumes encurralados fugirem. Ainda no quadrinho, as garotas conhecem Marlene e a jovem Riley se junta aos vagalumes pouco tempo depois em Left Behind.

E como vemos na carta de Anna, mãe da Ellie, que aliás fizemos um audiofile bem legal aqui mesmo no canal, Anna já conhecia Marlene, a rainha Vagalume. Diz que “não há ninguém neste mundo que confio mais que ela”, então fica a curiosidade: Seria a mãe de Ellie uma vagalume também?

A facção perdeu força após muitas incursões com mortes de seus soldados, inclusive em Boston, e foram pouco a pouco se retirando das cidades e juntando seu pessoal em bases. E mesmo com números menores, sempre possuíam armas pesadas e muita organização, a ponto de utilizarem o prédio de ciências da Universidade do Leste de Colorado, onde pesquisavam métodos de uma possível cura ou vacina.

Depois de saírem desse prédio graças a macacos e saqueadores, se reagrupam em Salt Lake City, Utah, num lugar tão avançado que poderiam fazer cirurgias e até mesmo tentar a confecção de uma vacina. Essa base era comandada por Jerry Anderson, pai de Abby, e foi completamente dizimada por Joel ao final do primeiro jogo, que assassinou o cirurgião e Marlene, a líder da facção, além de dezenas de soldados, extinguindo, supostamente, o que sobrou da facção.

Pra onde foram os vagalumes?

Nos acontecimentos de The Last of Us Parte II, aprendemos que Abby Anderson e parte do restante dos ex-vagalumes de Salt Lake City vão para Seattle e juntam-se à WFL, facção que iremos explorar na parte 2 desse vídeo. Um desses ex-vagalumes, Owen, ouviu dizer que ainda há resquícios da antiga facção em Santa Barbara, Califórnia – bem longe de Seattle.

Abby e Lev seguem uma longa jornada até a casa 2425 na Rua Constance, achando um papel com alguns números de estações de rádio de localizações na Califórnia. Após contato com Los Angeles, San Diego e Big Sur, finalmente recebe resposta positiva da ilha de Catalina. Dizem ter uma base com 200 pessoas saudáveis, e mais alguns novos recrutas chegando mensalmente, e pede que os encontrem no domo do prédio em Avalon. A fagulha de esperança nos vagalumes segue com a música tema de The Last of Us 1 no momento da cena.

A sensação de retomada de uma sociedade que lhes trouxe um constante ideal de busca por algo melhor é mostrada na empolgação de Abby. Essa época num passado estimado da reaproximação de uma sociedade mais complexa e orgânica, onde era possível expressar a consciência individual de cada um, e trazer um recrudescimento da vida. O tempo em que esteve com os Vagalumes significou, talvez, uma tentativa de retomar um consciente coletivo cujo ideal ainda era salvar o mundo, e não apenas sobreviver.

Enquanto The Last of Us parte 2 tem seu menu de jogo sempre frio, escuro e chuvoso, mostrando a jornada triste não apenas de Ellie, mas do que resta da humanidade – visto nas atrocidades comuns a todo tipo de sociedade no game, somos surpreendidos pela mudança acalorada após finalizar a última cena do jogo. Vemos um barco atracado numa praia, na Ilha de Catalina, com um visível domo ao fundo. E dessa vez, vemos a luz.

Créditos:
Texto: Alice Monstrinho
Consultoria em sociologia: Humberto Garcia

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